março 25, 2013

26

digo-te agora a saudade: lua nova inquieta inverno 
silêncio de andorinhas eu barco desajeitado sem mar
Alice relógio pressa coelho 
um chá vontade de regressar


março 24, 2013

25

sem mapa plano carta desenho 
pista tesouro nenhum nome 
só leve memória 
sabor a brisa sombra sonhada da tua mão

como procurar(-te) então?



24


tudo quase possível tudo quase existindo 
sei sabemos 
muro cadeado ao fundo em vez de luz e asas
a palavra fim a palavra acabar
depois
recomeçar



março 23, 2013

23

era um segredo o que te queria dizer
e depois medo todo pérola guardada
era um segredo mas foi só beijo 
respirar
boca fechada





22

chegas sempre como partiste 
pressinto adivinho cada respiração passos brisa perfume  
letra a letra gesto fluido longo demorado
é como se o tempo nunca tivesse sequer (sido) passado




março 20, 2013

21


dizem culpa minha 
mas recuso 
tu sim esse sol que se derrama sobre as coisas 
cores de mel primeiro depois fogo belo antes do negro estrelas nossa lua
culpa minha? das coisas?
não
toda tua





março 19, 2013

20

dói como silêncio de chuva não sei onde
dizes é no peito que a saudade se esconde 
eu sei que é nos olhos 
minha mão fechada gaveta de poemas desbotados des_sonhados 
nessa mala sempre pronta nunca des_feita 
nunca partir contigo 
amor viagem canção_mais_que_perfeita 
quase impossível 
quase triste


março 17, 2013

19

transparente suave laço leve fino traço 
ninguém sabe sente escuta lê 
está só ali 
como se estar ali só fosse (a)final destino 
foz 
pedaço de mar





março 13, 2013

18

a tua cor azul esse sinal 
o vermelho que te pinto em cada beijo 
carta de volta
a tua cor azul essa tristeza a flor abrindo em cada noite 
eu vejo
saber sabe tão bem 
abre os olhos eu aqui em ti vais ver também




março 11, 2013

17

só viver de noite onde as coisas têm nenhuma e toda a cor 
e tu comigo faz de conta 
e esses poemas de som 
e depois o dia claro que queima ausência cheia de luz real 
e a noite outra vez adoça dueto que não é 
mas pode assim ser nesse instante breve mãos dadas 
amor de cristal bemol sustenido puro sem corpo só lua
meu
tua



março 09, 2013

16

em cada noite sonho sossegado
à espera de colo ninho 
tua mão teu corpo melodia desenho de ti 
para acordar e ser cantado


março 08, 2013

15

a boca o beijo a fala 
cor de coração 
viagem caminho partida regresso nada
pesada
(a mala)



março 07, 2013

14

na lista das coisas do dia antes que me esqueça(s): 
acordar sem pressa beber melodia mel 
dar-te a mão um sonho ou dois sorriso 
dançar 
dizer-te da importância da voz palavra meu amor luar





12

na mais fina palavra 
a raiz transparente da asa segreda gotas de brisa e de sol 
ao nascer da lua
(esse suspiro)



13

vaga longínqua vã toda a palavra deixada à noite 
ao sabor dessa aragem branca 
saudade que nunca parte nem chega de viagem     
só é   
só está

11

o jogo é assim 
correr pelo céu não importa a rua 
contar até dez esconder onde estou onde estás 
em que estrela baloiças em que cavalo alado fantasia menino menina nos damos a mão 
e apanhamos música de flores no jardim da lua?


9

como se fosse
uma casa
minha
lua
asa
meu
cais
depois
escuro
devagar
um azul
silêncio
não fosse
nunca mais



10

lua nova
eu
sem lugar em ti
esse céu


8

não se des_fere profunda ferida 
não se cura o que se des_cura 
não se cola amor que se des_faz 
palavra espuma partida


7

sempre para sempre mesmo quando o poema desdiz
erva-doce-daninha-desejo cortamos rente fica a raiz

6

dá-me a mão de vez em quando 
e quando não estiveres estará a memória de dedos dados 
perfeitamente descritos e entrelaçados





5

deslizaste sem eu reparar para fora do meu abraço
nem sei se foi descuido meu se teu cansaço



4

queima contamina se entrega 
recebe doce cega envolve 
se extermina se devolve 
porque sim  
sal e água e éfe de fado de lágrima de fim


2

presença companhia seria 
sem o muro a separar o (meu) lago do (teu) mar

3

quase despedida 
quase dor disfarçada 
palavra salgada quase quase nada
meu amor




1

escrevia-se com tintas giz lápis sem cor fria permanente 
fiável escura azul caneta
não sabia 
tinha corpo de inseto mas acreditava 
nascera de ovo larva pato feio 
se chamava no espelho princesa cisne borboleta