dezembro 14, 2013

48

eu sonho o espaço vazio o céu sem rumo a asa 
escolho sempre o peso o chão a linha a estrada a casa


dezembro 02, 2013

47

fragmento de pedaço de parte de fração de mim 
mais inteiro que corpo partido desfeito e depois colado assim


novembro 02, 2013

46

e como fechar o rio que nasceu cresceu vai para onde vou e que ausência silêncio verão nenhum secou?



outubro 13, 2013

outubro 12, 2013

44b

recortar-te colar-te onde quiser 
espuma de sonho feita desfeita feita desfeita feita desfeita nunca perfeita 
dança entre vida e morte infinitamente para sempre tecida palavra longa fina forte


agosto 20, 2013

44a

palavra amor areia molhada colada à mão? 
nunca grão a grão escapando entre os dedos por mais apertadas que sejam estejam as malhas da rede e da vida 
esses medos


agosto 16, 2013

43

poema saudade que se desdiz silêncio fazedor de noites criador de sombra apagador de luz e de giz


julho 07, 2013

42

vento in_ventado sol maior lua bemol fora de si que me in_quieta me separa de mim me divide em duas pedaço com raiz e metade só asa que voa até ti 



junho 30, 2013

41

eu dizia baixinho quando acordava o dia porque acreditava 
os sonhos moram inquietos numa casa longe sem palavras nem paredes 
e depois adormecia


junho 28, 2013

40

nunca desistir 
dança parada aninhada delicadamente em silêncio 
à espera num degrau a caminho da lua


junho 18, 2013

39

sombra inevitável nenhuma luz contraste 
o desejo morre na fina dor da transparência 
pode ser tudo pode ser talvez pode ser um dia pode ser quase 
ou nada


junho 16, 2013

38

cada segundo cada minuto cada pedaço de tinta de ti de mim 
prece nesse muro 
tempo que nunca foi não será nem se_quer acontece




junho 15, 2013

37

e depois existes tu cor que ninguém vê 
palavra absolutamente impossível perfumada segredada  
mel que ninguém  lê


junho 12, 2013

36

de sombra em sombra caminho(-te) como se fosse barco 
tu horizonte imenso cor de azul menino
diz-me: como é ser assim quase meu quase destino?


junho 10, 2013

35

entrelinha entrenó sussurro metáfora abstrata pintura 
e como lá chegar se tanta grade perdura muro parede 
a desenhar nenhum laço espaço distância entre_nós_
linhas


34

que sombra que linha que pedaço que resto que luz 
que nenhuma viagem que célula que poema que luar saudade 
que metade que horizonte que ferida página aberta que palavra invisível 
que pergunta espera só e ainda?



junho 09, 2013

33

diz com palavras exatas o que no corpo (se) passa 
conjuga o verbo solidão silêncio desejo o verbo verbo devagar
diz e prometo não pedir nunca mais
nem perguntar






32

acordo gaveta fechada sem memória dos sonhos 
espreito devagarinho e tudo regressa
devagar sabor a domingo sem angústia
sem desassossego

sem pressa


junho 08, 2013

31

anoitece
e a_noite_tece lado a lado linhas umas vezes tuas outras vezes minhas
outras vezes uma só          
acontece


maio 05, 2013

abril 27, 2013

29

nunca sei se sei ler o que escreves 
dizes respiras tudo tão fino 
e tantos nós e essa cor-de-quase-nada sempre presa ao corpo 
ao poema à canção à voz


abril 12, 2013

28

queria explicar o inexplicável  
fios sem luz  fala sem som 
lágrima sangue azeite saudade sem porto 
parede sem porta essa leveza
tudo o que não pode ser
sendo


abril 02, 2013

27

a casa o lugar dos poemas melodias memória distante 
dança silenciosa nunca acabada
imaculada
perfeita





março 25, 2013

26

digo-te agora a saudade: lua nova inquieta inverno 
silêncio de andorinhas eu barco desajeitado sem mar
Alice relógio pressa coelho 
um chá vontade de regressar


março 24, 2013

25

sem mapa plano carta desenho 
pista tesouro nenhum nome 
só leve memória 
sabor a brisa sombra sonhada da tua mão

como procurar(-te) então?



24


tudo quase possível tudo quase existindo 
sei sabemos 
muro cadeado ao fundo em vez de luz e asas
a palavra fim a palavra acabar
depois
recomeçar



março 23, 2013

23

era um segredo o que te queria dizer
e depois medo todo pérola guardada
era um segredo mas foi só beijo 
respirar
boca fechada





22

chegas sempre como partiste 
pressinto adivinho cada respiração passos brisa perfume  
letra a letra gesto fluido longo demorado
é como se o tempo nunca tivesse sequer (sido) passado




março 20, 2013

21


dizem culpa minha 
mas recuso 
tu sim esse sol que se derrama sobre as coisas 
cores de mel primeiro depois fogo belo antes do negro estrelas nossa lua
culpa minha? das coisas?
não
toda tua





março 19, 2013

20

dói como silêncio de chuva não sei onde
dizes é no peito que a saudade se esconde 
eu sei que é nos olhos 
minha mão fechada gaveta de poemas desbotados des_sonhados 
nessa mala sempre pronta nunca des_feita 
nunca partir contigo 
amor viagem canção_mais_que_perfeita 
quase impossível 
quase triste


março 17, 2013

19

transparente suave laço leve fino traço 
ninguém sabe sente escuta lê 
está só ali 
como se estar ali só fosse (a)final destino 
foz 
pedaço de mar





março 13, 2013

18

a tua cor azul esse sinal 
o vermelho que te pinto em cada beijo 
carta de volta
a tua cor azul essa tristeza a flor abrindo em cada noite 
eu vejo
saber sabe tão bem 
abre os olhos eu aqui em ti vais ver também




março 11, 2013

17

só viver de noite onde as coisas têm nenhuma e toda a cor 
e tu comigo faz de conta 
e esses poemas de som 
e depois o dia claro que queima ausência cheia de luz real 
e a noite outra vez adoça dueto que não é 
mas pode assim ser nesse instante breve mãos dadas 
amor de cristal bemol sustenido puro sem corpo só lua
meu
tua



março 09, 2013

16

em cada noite sonho sossegado
à espera de colo ninho 
tua mão teu corpo melodia desenho de ti 
para acordar e ser cantado


março 08, 2013

15

a boca o beijo a fala 
cor de coração 
viagem caminho partida regresso nada
pesada
(a mala)



março 07, 2013

14

na lista das coisas do dia antes que me esqueça(s): 
acordar sem pressa beber melodia mel 
dar-te a mão um sonho ou dois sorriso 
dançar 
dizer-te da importância da voz palavra meu amor luar





12

na mais fina palavra 
a raiz transparente da asa segreda gotas de brisa e de sol 
ao nascer da lua
(esse suspiro)



13

vaga longínqua vã toda a palavra deixada à noite 
ao sabor dessa aragem branca 
saudade que nunca parte nem chega de viagem     
só é   
só está

11

o jogo é assim 
correr pelo céu não importa a rua 
contar até dez esconder onde estou onde estás 
em que estrela baloiças em que cavalo alado fantasia menino menina nos damos a mão 
e apanhamos música de flores no jardim da lua?


9

como se fosse
uma casa
minha
lua
asa
meu
cais
depois
escuro
devagar
um azul
silêncio
não fosse
nunca mais



10

lua nova
eu
sem lugar em ti
esse céu


8

não se des_fere profunda ferida 
não se cura o que se des_cura 
não se cola amor que se des_faz 
palavra espuma partida


7

sempre para sempre mesmo quando o poema desdiz
erva-doce-daninha-desejo cortamos rente fica a raiz

6

dá-me a mão de vez em quando 
e quando não estiveres estará a memória de dedos dados 
perfeitamente descritos e entrelaçados





5

deslizaste sem eu reparar para fora do meu abraço
nem sei se foi descuido meu se teu cansaço



4

queima contamina se entrega 
recebe doce cega envolve 
se extermina se devolve 
porque sim  
sal e água e éfe de fado de lágrima de fim


2

presença companhia seria 
sem o muro a separar o (meu) lago do (teu) mar

3

quase despedida 
quase dor disfarçada 
palavra salgada quase quase nada
meu amor




1

escrevia-se com tintas giz lápis sem cor fria permanente 
fiável escura azul caneta
não sabia 
tinha corpo de inseto mas acreditava 
nascera de ovo larva pato feio 
se chamava no espelho princesa cisne borboleta